Alta miopia é o nome dado a todos os casos de miopia que ultrapassam os 6 graus de refração. Nestes casos, os sintomas costumam se manifestar com ainda mais intensidade, muitas vezes impossibilitando que o paciente enxergue sem óculos.
Visão borrada e dificuldade de enxergar de longe: esses são os principais sintomas que definem a miopia, um distúrbio refrativo extremamente comum e que afeta cerca de 35% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Estimativas da OMS apontam o número de 6 milhões de pessoas míopes no Brasil em 2020, e a tendência é de crescimento, especialmente pelo tempo cada vez maior na frente das telas de tablets, computadores e celulares.
Neste artigo você vai conhecer os riscos da alta miopia e aprender os cuidados que você precisa ter.
Quando a miopia é considerada alta?
A miopia pode ser classificada como leve, moderada ou alta, a depender do grau apresentado pelo paciente. O diagnóstico de alta miopia é feito quando a alteração de visão supera os 6 graus (ou 6 dioptrias, na linguagem médica).
Apesar de considerarmos 6 graus já bem elevados, algumas pessoas podem chegar a apresentar problemas de refração ainda muito superiores, chegando a 15-20 graus, o que traz um grande impacto na qualidade de vida e reduz as possibilidades de tratamento.
Quais são as causas da miopia?
A dificuldade para enxergar imagens distantes – típica da miopia – acontece porque os raios de luz que entram pelo cristalino não são refratados em cima da retina, e sim um pouco à frente dela.
O principal fator de causa da miopia é a genética, já que o problema se deve a alterações físicas congênitas (desde o nascimento) no formato do globo ocular, que é mais alongado no caso dos míopes, além de também terem córneas mais curvas.
Alguns estudos também apontam para a influência de alguns hábitos do dia a dia no aumento do número de casos de miopia, como ler em ambientes pouco iluminados ou passar muito tempo olhando para telas de smartphones, tablets e computadores.
Na Ásia, onde o uso de aparelhos eletrônicos é mais frequente, cerca de 90% dos jovens de 20 anos já apresentam algum grau de miopia.
Quais os riscos da alta miopia?
Além de causar danos significativos à qualidade de vida, a alta miopia também pode provocar uma série de outras condições oculares, causando uma série de complicações para o paciente, inclusive podendo levar à cegueira.
Esse maior risco de complicações se deve às alterações fisiológicas que os pacientes com alta miopia apresentam, como alongamento do globo ocular, retinas mais finas e esticadas e, até mesmo, o grande esforço feito para conseguir enxergar, o que aumenta a pressão natural nos olhos.
Conheça algumas desses possíveis riscos e complicações:
Descolamento da retina
A retina é uma estrutura posterior do globo ocular, que possui células responsáveis por receber os raios de luz e convertê-los em impulsos elétricos que serão enviados ao cérebro, para a formação das imagens.
O descolamento acontece quando a retina se desprende da estrutura interna do globo ocular. Assim, o recebimento de nutrientes pela retina é interrompido, resultando em um processo degenerativo das células fotossensíveis.
Esse tipo de ocorrência é considerada uma emergência médica e deve ser tratada o mais rápido possível, para evitar a perda de visão.
Alguns dos sintomas observados em casos de descolamento da retina são a vista embaçada, flashes de luz (fotopsias) e a percepção de pontos escuros, que podem se parecer com sujeira ou insetos no canto da visão.
Edema na mácula
Chamado de edema ou inchaço macular, essa condição se caracteriza pela concentração de líquidos em camadas inferiores da retina.
Está associado principalmente a casos de diabetes, mas também pode ocorrer devido à idade avançada, tumores ou distrofias da retina, uso de drogas, entre outros fatores.
Alguns dos sintomas associados ao edema macular são a fotofobia (hipersensibilidade à luz), a distorção de imagens e escotomas (perda da visão em determinadas áreas do campo visual).
Catarata
A catarata é um distúrbio que afeta o cristalino. Em condições normais, o cristalino é transparente. Com a catarata, essa lente se torna opaca, turva, impedindo a visão.
Essa condição costuma ser mais frequente em pessoas idosas, devido ao envelhecimento natural do cristalino, mas em casos mais raros também pode ocorrer em pacientes mais jovens.
Alguns estudos demonstram uma relação muito frequente entre a alta miopia e casos precoces de catarata e glaucoma.
Degeneração da retina
A degeneração da retina acontece com a fragilização do tecido macular (central) da retina, responsável pelos detalhes da visão. Ela é uma consequência de um crescimento anormal e exagerado do globo ocular.
Como resultado, pode-se notar a ocorrência de sangramentos anormais, sensibilidade nos olhos e a sensação de visão embaçada.
Glaucoma
O glaucoma é uma doença causada por altos níveis de pressão intraocular, que podem provocar lesões no nervo óptico e, caso não seja tratado, pode evoluir para a cegueira.
Os principais sintomas da doença são vermelhidão e dores nos olhos, dificuldade de enxergar no escuro e aumento da pupila.
É uma condição que costuma afetar pessoas a partir de 40 anos, mas pode acontecer de maneira precoce especialmente se estiver associado a casos de alta miopia.
Perda de visão
A alta miopia, por si, não é capaz de causar a perda de visão. Ela é capaz, sim, de diminuir de maneira considerável a nitidez e a capacidade visual dos pacientes, prejudicando a realização de atividades cotidianas.
Além disso, também pode provocar outros incômodos e sintomas, como dores de cabeça, dores nos olhos e lacrimejamento.
Apesar de não causar a perda de visão, a alta miopia está associada a uma maior propensão para contrair uma série de outras condições, como citado acima. Caso não sejam tratadas, essas condições é que podem levar à cegueira.
Como prevenir as complicações da alta miopia?
Os sintomas de doenças oculares nem sempre são claros em seus estágios iniciais, podendo até estarem ausentes, como é o caso do glaucoma.
Além disso, muitas dessas doenças ocorrem devido a problemas fisiológicos crônicos.
No entanto, alguns hábitos da nossa rotina podem ser adaptados, visando reduzir possíveis complicações relacionadas à alta miopia, como o tempo prolongado na frente das telas de aparelhos eletrônicos.
O acompanhamento regular com o oftalmologista é fundamental. Esse profissional vai monitorar como está a evolução do seu quadro, bem como identificar possíveis complicações já em seus estágios iniciais.
Caso, entre uma consulta e outra, você perceba alguma alteração de sintomas ou na qualidade da sua visão, como vista embaçada, dores de cabeça constantes, lacrimejamento, olhos muito avermelhados ou manchas no globo ocular, procure atendimento o quanto antes.
Existe tratamento definitivo para alta miopia?
Cada caso deve ser avaliado pelo oftalmologista para definir a melhor linha de tratamento. E isso vai depender tanto do grau de refração quanto pelas características anatômicas das estruturas oculares do paciente.
Na maioria dos casos, a melhor solução é a cirurgia refrativa a laser. São tratamentos rápidos, seguros e efetivos, que podem resolver definitivamente o problema de visão.
Atualmente existem 3 modalidades dessa cirurgia, todas elas se utilizando de lasers para realização do procedimento. São elas: PRK, LASIK e SMILE.
Dentre essas opções, a mais moderna é a SMILE, já que se trata do método menos invasivo, que traz os melhores resultados, a recuperação mais rápida, com o mínimo incômodo pós-operatório.
As condições para realização das cirurgias refrativas é que o paciente já tenha o grau de refração estabilizado por no mínimo 1 ano e que possua até 10 graus de miopia.
É importante ressaltar que, especialmente em casos de alta miopia, com dioptrias muito elevadas, a avaliação do oftalmologista é essencial para determinar se o procedimento é viável e seguro.
Dentre os parâmetros utilizados para essa decisão estão o grau (dioptria), a espessura e a curvatura da córnea, além de avaliar se o paciente possui alguma outra doença ocular que possa contraindicar o procedimento.